Cultura

Iniciativa do Instituto Vladimir Herzog, a exposição é obrigatória para todos aqueles que prezam a democracia e estão sempre prontos a defendê-la

A negação histórica da existência de um povo palestino, necessária para afirmar o status da terra como res nullius, como uma terra sem povo destinada ao povo a que fora prometida, mantém-se constante até hoje e é acompanhada da vilificação daqueles que estão “do outro lado”, daqueles menos civilizados, dos radicais, dos amantes da morte

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Cartazes, quadros e livros resgatam perseguições, prisões e horrores da ditadura. Foto: Luigi Stavale

A exposição Resistir é Preciso, no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), é obrigatória para todos aqueles que prezam a democracia: para que não esqueçamos como ela pôde ser vilipendiada durante 21 anos pela ditadura militar instaurada em 1964. E para que estejamos sempre prontos a defendê-la de todas as maneiras possíveis. Pois é disso que trata esta exposição, em seus vários módulos.

O primeiro reúne cartazes e as capas dos órgãos da imprensa alternativa que fizeram oposição ao regime fardado, dentro e fora do Brasil, aberta ou clandestinamente. Incluindo os livros, são inúmeros, muitos mais do que se imaginaria.

Outro traz uma pequena amostra dos objetos feitos no cárcere, quando guerrilheiros da luta armada tornados presos políticos se dedicaram a atividades artesanais e artísticas. A preciosa coleção de Alípio Freire, aberta aos visitantes este ano na Estação Pinacoteca (sede do Memorial da Resistência), emprestou algumas peças a esta.

Ainda outro módulo traz as pinturas e gravuras produzidas no período por artistas plásticos profissionais que não se curvaram aos novos senhores.

Finalmente, com objetivo didático impecável, sobretudo no que concerne às novas gerações, uma sequência de painéis admiravelmente concebidos mostra os principais episódios e figuras do processo histórico, desde os antecedentes do período até hoje. Essa parte é fundamental para que os alunos das escolas compreendam a importância de uma postura democrática, mantendo-se dispostos a impedir que um tal cortejo de horrores  – como prisões e execuções arbitrárias, espionagem e escuta ilegal, censura à informação, cassações, banimentos, suspensão de direitos civis, sequestros, tortura, desaparecimentos – volte a acontecer.

Iniciativa do Instituto Vladimir Herzog, que abriga o Projeto Resistir é Preciso de resgate da memória desses tempos sinistros, a mostra tem curadoria de Fábio Magalhães e fica em São Paulo até o dia 6 de janeiro de 2014.

Poderá ser vista ainda no CCBB do Rio de Janeiro de 2 de fevereiro a 7 de abril e no de Belo Horizonte de 6 de agosto a 6 de outubro de 2014.

Walnice Nogueira Galvão é professora emérita da FFLCH da Universidade de São Paulo, integra o Conselho de Redação de Teoria e Debate